quarta-feira, 21 de março de 2007

Ordenados dos futebolistas: justos ou exagerados?

Ora aqui está um tema que muito dá que falar: os ordenados dos futebolistas. Quem já não comparou o seu salário com o do Figo ou o do Cristiano Ronaldo e chegou à conclusão que eles ganham mais num mês que o comum dos mortais toda a vida?
Em primeiro lugar, gostava de dividir os jogadores em dois grandes grupos: os craques e os banais. Se é certo que as estrelas ganham muito dinheiro, os jogadores vulgares arriscam-se, caso não tenham juízo, a acabar a carreira e a ter de procurar trabalho com a agravante de, em muitos casos, as qualificações serem demasiado baixas para o começo de uma nova profissão.
O problema do futebol português é que os clubes pagam salários muito altos. Não tenho a noção exacta dos números, mas clubes há que gastam mais de 70 % do seu orçamento em ordenados. Duvido que algum clube consiga subsistir, a longo prazo, desta forma. Quando as receitas são reduzidas para não dizer mesmo nulas, como explicar que os ordenados continuem exageradamente altos?
Faz-me muita confusão que clubes como o União de Leiria consigam permanecer no escalão maior do nosso futebol. Li que assistiram apenas 1500 pessoas ao encontro que opôs, no passado fim-de-semana, o União de Leiria ao Vitória de Setúbal. Sabendo que mais de metade eram afectas ao clube visitante, como justificar um investimento tão avultado neste clube?
Voltando aos salários, os jogadores tentam, como é óbvio, possuir a melhor situação financeira possível. Até aí, nada a opor. Com os empresários metidos igualmente ao barulho, sempre à procura da sua comissão, não restam dúvidas que os clubes são sempre os mais prejudicados nesta relação.
No entanto, são os próprios clubes os maiores responsáveis por esta situação. Dirigidos por presidentes muitas vezes impreparados para a função, muitos foram já os clubes que caíram nas divisões secundárias ou que, pura e simplesmente, se extinguiram. Para que a mais nenhum clube aconteça o mesmo, chegou a altura de tomar medidas que, de uma vez, defendam os clubes e não os empresários e jogadores.
Uma delas deveria ser a criação de um tecto salarial, tal como existe na NBA. Embora seja uma medida quase impossível de colocar em prática, pois de certeza, iriam começar a ser feitos contratos paralelos e outros afins, há que começar por algum lado. Agora, convém instaurar um tecto salarial a sério e não fazer como o Sporting que, para manter Liedson, mandou completamente às urtigas o objectivo de não ter nenhum jogador a ganhar mais de 75 mil euros.
A lista dos ordenados dos jogadores do Sporting, publicada pelo site Sportugal, e confirmada pelo presidente Soares Franco, confirmou aquilo que já se esperava. Embora não se conheçam os números dos outros dois grandes - os salários são mais altos ainda - a realidade leonina impressiona. Com Liedson no topo da lista - ganha 110 mil euros - , Ricardo é o segundo mais bem pago. O Labreca recebe 75 mil euros, o tal valor que o clube tinha instaurado como máximo ordenado. Depois disso, surge Bueno. O uruguaio, que até ao momento pouco demonstrou, surge no pódio à frente de jogadores bem mais relevantes como Polga, João Moutinho e Nani - um dos últimos da lista. Outros ordenados escandalosos são os casos dos raramentes utilizados Romagnoli- 66 mil euros -, Paredes - 54 mil euros - e Farnerud - 44 mil euros. Para já nem falar dos que já lá não estão e ainda recebem, exemplos como o de Pinilla - 30 mil euros - , Luís Loureiro - 25 mil euros - e Wender - 6 mil euros. Com políticas salariais destas - e repito que, mesmo assim, o Sporting nem é dos piores - como podem os clubes aspirar a viver bem de finanças?
Resta, porventura, divulgar os ordenados dos jogadores para que, como disse Paulo Bento, os jogadores justifiquem em campo aquilo que ganham. Se o fizerem, poucos serão aqueles que os acusarão de ganhar muito. E não é que o Sporting ganhou os dois jogos que fez após a divulgação da notícia, triunfando inclusive no Dragão onde não ganhava há 10 anos? Pensem bem senhores dirigentes, pensem bem...

2 comentários:

Anónimo disse...

Os jogadores ganham o que os clubes aceitam lhes pagar, é um assunto que me passa ao lado. Toda a gente sabe a importância que se dá ao futebol em Portugal, prefiro ver o dinheiro gerido pelo futebol no bolso dos jogadores (os actores principais deste deporto) do que no bolso de dirigentes corruptos.

Os clubes que se preocupem primeiro em tentar perceber porque é que se encontram a pagar mais a jogadores que emprestaram (sem falar dos dispensados à titulo definitivo) do que a jogadores titulares no próprio clube que já é meio caminho andado para melhor a situação.


O cidadão comum critica os salários dos jogadores mas parece que é mais por inveja do que outra coisa, como se ser futebolista profissional fosse só 90 minutos num campo, noitadas e tempo livre.

wednesday disse...

Apesar de o Liedson não ter jogado... Portanto não justificou o seu salário!

Concordo contigo nessa divisão de jogadores. O problema é que dos "coitados" ninguém fala, esses sim irão ter problemas no final da sua carreira futebolística. Como jogador estar-se-á activo até aos 35-40 anos (e já estou a ser muito bondosa), o que nos levaria a fazer contas sobre os seus rendimentos até essa idade e dividri até à idade da reforma... De certeza que vai dar uma ninharia. Em contraste, as super-estrelas ganham balúrdios, como todos sabemos e ainda por cima o salário é um aliciante (veja-se agora o caso do Simão, não que ele não justifique, pelo contrário). Mesmo com tempo útil reduzido, um salário deles paga mais de metade da minha casa!... Extremos que fazem eco neste país!